COMO
EXPANDIR SUA INTELIGÊNCIA
1. Inteligência
Pense por um momento em alguma coisa que esteja
querendo obter ou algum sonho que queira realizar. Talvez seja um carro, uma
casa, um diploma. Ou uma viagem ou passeio. Pode ser que queira um companheiro
ou companheira. Ou talvez queira sentir bem-estar, paz de espírito,
relaxamento, algum tipo de prazer. Ou coisas mais imediatas, talvez sinta sede
e queira beber água ou outro líquido. Pode ser também que o que você deseja é
expandir alguma capacidade, como aprender, lembrar ou decidir.
Temos vários nomes para essas coisas:
Plano Sonho Objetivo Meta Intenção Intento Propósito
Desejo Aspiração Anseio Necessidade Resolução Intuito Projeto Querer
O que todas essas palavras tem em comum é que há um
estado ou situação atual e um outro estado pretendido, e há uma diferença entre
eles:
A palavra estado, neste contexto, refere-se às
condições gerais de uma pessoa e sua vida, envolvendo o que ela sabe, o que ela
tem e o que está vivenciando em um momento, em termos físicos, mentais e
emocionais.
Uma vez que há uma diferença entre o estado atual e
o estado pretendido, a pessoa vai então agir para reduzir a diferença. Se ela
quer um diploma, vai se matricular em uma escola ou preparar-se para um
processo de seleção. Se está com sede, vai se mobilizar para saciá-la. Se está
pretendendo melhorar sua capacidade de aprender, vai estudar e praticar alguma
técnica que reduza a diferença entre sua capacidade de aprender atual e a
desejada. Ou seja, a pessoa vai executar uma série de comportamentos para
reduzir a diferença entre o que pretende e o estado atual.
Entendemos como inteligência a capacidade de um ser
de:
-escolher um ou mais objetivos
-avaliar o estado atual para saber como ele difere
dos objetivos
-por em prática uma série de comportamentos para
reduzir a diferença, baseadas em conhecimentos e recursos disponíveis
Mas existe mesmo algo chamado
"inteligência"? As coisas que existem concretamente podem
ser percebidas através dos sentidos. Por exemplo,
"tangerina" é o nome de algo que se pode ver, pegar e sentir o gosto.
E quanto à inteligência, você já viu uma? Já pegou em alguma? Já sentiu o gosto
de uma inteligência?
Na verdade, inteligência é uma palavra para
descrever classes ou padrões de comportamentos direcionados a objetivos. Os
comportamentos que elaboro para matar a minha sede são inteligentes.
Os comportamentos que aplico para aprender um
assunto são também inteligentes. A indução matemática é um comportamento
inteligente padronizado, que serve para resolver certos tipos de problemas.
Você neste momento está aplicando um padrão de comportamento inteligente para
ler este texto.
Podemos então afirmar que:
TODO COMPORTAMENTO HUMANO VISA UM OBJETIVO... OU
MAIS”
Agora imagine que exista um ser inteligente que não
tenha um objetivo sequer; não há qualquer pretensão de que algo seja diferente,
em si mesmo ou no mundo. Não está com sede, não quer assistir TV nem ler um
livro, não quer aprender coisa alguma ou melhorar. Ele vai ficar estático,
certo? Por isto, podemos afirmar que
"UM SER HUMANO SÓ AGE QUANDO TEM UM
OBJETIVO... OU MAIS"
Isto não é lá grande novidade: Aristóteles, nascido
em 384 a.c., já dizia que "a mente sempre faz o que faz em benefício de
algo, este algo sendo o fim em si mesmo”.
Atividade 1 – Seus objetivos
Já que só nos mexemos quando temos um objetivo,
aproveite para deixar bem estabelecidos os seus. Se você ainda não formou uma
idéia precisa do conteúdo e sua utilidade, pode definir objetivos um pouco mais
genéricos, como "absorver o máximo possível", "aprender coisas
que posso aplicar para melhorar minha qualidade de vida" ou
"descobrir como aumentar minha inteligência". E se você já pode ser
mais específico, pode imaginar situações em que você está fazendo algo
diferente para obter melhores resultados (detalhe: você já está fazendo isto
agora!). Dedique pelo menos 1 minutinho a esta atividade.
Atividade 2 – Concentrando-se melhor
Você aproveita mais de um treinamento se estiver
concentrado e relaxado. Para isso, faça o seguinte exercício (se estiver tentado
a questionar porque funcionaria, lembre-se do papo inicial: mais relevante é
que algo funcione para o que queremos, e não porquê funciona).
a) Coloque os olhos para cima e centrados, como que
olhando para o espaço entre as sobrancelhas. Talvez um ponto no teto ajude.
Você perceberá que existem sinais de relaxamento na
respiração, tensão muscular nos músculos da face, tamanho das pupilas, etc. É
importante que fazer isso por no máximo 1 a 1 ½
minuto; caso contrário os olhos poderão ficar cansados.
b) Permanecendo relaxado, com a mente relaxada,
mova os olhos para baixo e depois olhe para o texto.
Estratégias
Suponha que seu objetivo é relaxar, o que você faz?
Talvez vá dormir, simplesmente. Ou podeser que tome um gostoso banho quente
antes. Pode ser também que para relaxar decida que vai, nesta ordem: nadar mil
metros, fazer uma sauna, tomar uma massagem, um delicioso banho quente e depois
tirar um cochilo. Ou seja, atingir um objetivo pode envolver apenas uma ou
várias operações ou comportamentos.
Uma seqüência de operações ou comportamentos que
adotamos para atingir um ou maisobjetivos é chamada estratégia. Cada
comportamento efetua uma transição que nos conduz a um estado intermediário,
menos diferente e mais próximo do estado pretendido .
As estratégias constituem a essência da
inteligência. São a forma como organizamos nossos pensamentos e comportamentos
para dar cabo de um objetivo. Diferentes objetivos requerem diferentes
estratégias: os comportamentos para relaxar são diferentes dos usados para aprender;
o que se faz para arrumar um emprego pode não servir para conseguir uma
namorada.
Quanto mas apropriadas forem as estratégias,
melhores serão os resultados. Uma estratégia de digitação que usa 10 dedos
produz mais do que uma que só usa 2. Usar um processador de textos para
escrever um livro é mais produtivo do que usar uma máquina de escrever (pelo
menos para mim).
Uma estratégia amigável para conseguir um desconto
em uma loja pode ser mais eficaz do que uma estratégia agressiva. Uma
estratégia com elementos de iniciativa pode ser melhor para alcançar um
resultado do que uma em que predomine a expectativa.
Uma pessoa pode ter estratégias excelentes para
certos resultados, como ganhar dinheiro, e ter estratégias menos eficientes
para outros, como relacionamento pessoal. E se não houver uma estratégia
apropriada para o resultado pretendido, este não será atingido ou é iniciado um
processo de tentativa-e-feedback1 (antigamente chamado tentativa-e-erro). Se
não sei nadar e caio n'água, vou agitar braços e pernas na tentativa de
flutuar.
Algumas coisas são mais previsíveis do que outras.
Se executo uma estratégia para obter um resultado e ele não acontece, posso
aplicar outra estratégia, se disponível. Por exemplo, um documentário na
televisão mostrou um homem no deserto que, para matar a sede e sem oásis por
perto, procurava uma certa planta, raspava sua raiz e obtinha água aos pingos
espremendo as lascas na mão. Se estou com sono no trabalho e minha estratégia
inicial para lidar com isso, tomar café e lavar o rosto, não funciona, posso
buscar uma estratégia envolvendo alongamentos variados para acordar o corpo.
Portanto, dispor de várias estratégias para um
mesmo objetivo garante maior probabilidade de atingi-lo. Isso pode ocorrer para
cada estado intermediário (figura). Se não tem café quente disponível, posso
trocar esta etapa por alguns tapas no rosto ou cantar um trecho de uma música
que deteste!
Veja um outro exemplo. Existem várias estratégias
para se desenhar. O desenho abaixo foi feito com alguma estratégia simplificada
e rápida:
1 Feedback: percepção dos resultados e efeitos de
um comportamento. A cada martelada em um prego, olho como ficou.
A condição do prego (e do meu dedo) após a
martelada é o feedback de que preciso para aprender ou decidir o que fazer a
seguir. Em um relacionamento, fornecer feedback é informar ao outro o que achou
ou sentiu a respeito de um comportamento ou atitude, como "Gostei do que
você fez" ou "Não apreciei esse tom de voz".
A mesma pessoa ampliando com o Lado
Direito do Cérebro, de Betty s desenhos:
Note que não houve um treinamento intenso
fundamental, foi na estratégia de como olhar para as estratégias
propostas no livro. No dia a dia, olham só por olhar. Desenhar de forma
abstrata e sem detalhes pode ser apropriado para alguns objetivos, como brincar
de Imagem e Ação ou enriquecer uma explicação rápida. Para fazer desenhos em
três
dimensões e ricos em detalhes, apropriados para
ilustrar um artigo, por exemplo, é preciso uma estratégia diferente.
Sintetizando, as estratégias são a forma de
combinar e organizar nossos recursos e capacidades para atingir nossos
objetivos. Os resultados que obtemos dependem da estratégia que usamos. Há
estratégias mais apropriadas para vendas, para liderar e para se comunicar. Uma
estratégia de comunicação com crianças pode não ser apropriada para negociar.
Há estratégias apropriadas para ensinar e para aprender. Atingir um objetivo,
portanto, é função direta da estratégia adotada e das variações aplicadas
quando alguma etapa não proporciona os resultados desejados.
"A mágica do sucesso é questão de empregar as
estratégias mais efetivas. A maioria das estratégias podem ser facilmente
aprendidas ou modificadas para alcançar os objetivos que você escolher".
Atividade 3 – Experiência
Escolha algum objetivo material que atingiu com
sucesso no passado, como por exemplo algo de mais valor que comprou. Descreva
os passos principais da estratégia que utilizou, incluindo as decisões mais
importantes tomadas.
Atividade 4 – Experiência repetida
Faça o mesmo, desta vez buscando uma estratégia que
funcionou algumas vezes, ou seja, um padrão de comportamento que conduz a um
resultado (não importa que alguma vez tenha falhado). Pode ser um padrão que
você usar para relaxar, desligar-se de problemas, para resolver problemas de
relacionamento, para educar o cachorro, para aprender.
Atividade 5 – Estratégia de outro
Em dupla, repita a atividade anterior, desta vez
cada um descobrindo uma estratégia do outro que funcionou
Atividade 6 – Estratégia: a técnica do estímulo aleatório
Você já esteve algum dia entediado ou entediada,
sem nada pra fazer? Já se sentiu preso ou presa aos mesmos caminhos
anteriormente percorridos, e apreciaria imensamente algo diferente? Você
gostaria de algo que estimulasse sua mente a buscar o novo, o diferente? Ou
ainda melhor, várias coisas novas e diferentes, para que você possa escolher a
melhor?
Vamos descrever aqui a técnica de criatividade
chamada "estímulo aleatório", a mais simples de todas, que não exige
aprendizado e produz resultados imediatos. Ela se baseia na capacidade imensa
que o nosso cérebro tem de estabelecer relações, ligações, conexões entre tudo;
de fato, fazemos isto todo o tempo, ligando o que vemos e ouvimos ao que
conhecemos e estabelecendo conexões entre o que já sabemos. Nessa técnica, ao
invés de ficarmos sentados esperando a maçã cair, vamos sacudir a árvore.
A técnica consiste em escolher uma palavra
relacionada ao que queremos e depois escolher aleatoriamente uma outra,
ligando-as com a palavra po e observando as conexões que surgem. A palavra po
vem de possibilidade, hipótese, suposição, podendo também ser vista como as
iniciais de possibilitar operação.
Siga os seguintes passos:
1. Escolha uma palavra que representa a situação
alvo ou uma direção: "aprender", "cigarro",
"emprego", "disciplina".
2. Providencie uma palavra aleatória (um
substantivo). Não a escolha você mesmo, já que queremos evitar o pensamento
existente. A palavra pode ser sorteada das seguintes maneiras:
a) Use um dicionário. Pense em um número de página
(por exemplo, 1347 no Aurélio) e uma posição nessa página (por exemplo, 9).
Para isso você pode usar também o ponteiro de segundos de um relógio. Abra o
dicionário na página 1347 e procure a nona palavra. Se ela não for um
substantivo, continue até achar um.
b) Feche os olhos e coloque a ponta do dedo sobre
uma página de um jornal, revista ou livro. Escolha a palavra mais próxima do
dedo.
3. Ligue as duas palavras pela palavra po:
"desemprego po programa", "disciplina po exame". Registre
as idéias produzidas pela provocação.
Aplicada a este jornal, uma das boas idéias
produzidas, com a palavra "invalidez", foi a de uma seção sobre
pessoas que vão além de seus limites presumidos, como aquela sem braços que
pinta segurando o pincel com os lábios.
A idéia do estímulo aleatório é a provocação e a
busca de novas e diferentes linhas de pensamento. Para preservar esse espírito,
siga as seguintes diretrizes:
-Não dê passos demais: isto sugere isso... que leva
àquilo... e que me faz lembrar de...
-Não decida que a palavra atual não é utilizável,
partindo imediatamente em busca de outra. Assim, você estará somente esperando
por uma palavra que se encaixe nas idéias existentes.
Para obter o estímulo aleatório você pode usar
também imagens e objetos, embora palavras normalmente sejam mais ricas (são
informações "empacotadas") e mais práticas de usar. Saiba mais desta
e várias outras técnicas no livro mencionado acima.
Atividade 7 – Mil frases
a) Considere o grau de dificuldade de você ter
idéias para elaborar, em um dia, 1000 frases variadas sobre um tema. Pode ser
"criatividade", "vida" ou algum outro.
b) Agora reconsidere o grau de dificuldade, levando
em conta que pode ser aplicada a técnica do estímulo aleatório. Verifique
aplicando algumas vezes a técnica.
Atividade 8 – Estratégia: perguntas
Uma forma muito fácil e rápida de provocar a mente
é fazendo perguntas. Por exemplo, se eu pergunto: "O que você comeu no
café da manhã?", e se você quiser responder, volta sua atenção ao passado
por um momento para buscar as lembranças necessárias para a resposta. Já se eu
perguntar "Qual sua experiência mais prazerosa no último mês?", você
terá que fazer uma "varredura" de experiências para conseguir
responder.
Diante de um objetivo, você pode disparar uma série
de perguntas para aprofundar-se no tema, nas estratégias e outros aspectos: que
recursos estão disponíveis? Quais posso obter? Como vou saber se atingi o
objetivo?
Quem pode me apoiar? Que estratégias posso usar?
Quais as vantagens e desvantagens, riscos, custos e benefícios de cada uma? E
assim vai.
Escolha um problema e elabore perguntas a respeito.
Não se incomode em produzir respostas (pelo menos para os objetivos desta
atividade).
Atividade 9 – Combinando perguntas e estímulos aleatórios
Considere o mesmo objetivo da atividade anterior e
aplique a técnica do estímulo aleatório descrita acima para provocar idéias
para mais perguntas.
Comentários
Postar um comentário